Campanha de ódio contra o Corriere Canadese
Etica da mídia Distorção dos factos Ameaças de morte pelo meio

TORONTO – Nós jornalistas somos péssimos. Temos o desprezível hábito de nos ancorar nos factos; o nosso trabalho diário é o da busca contínua por notícias baseadas em factos reais.

Esse “modus operandi”, às vezes é enfadonho, às vezes é ignorado, às vezes é criticado e às vezes é distorcido e usado contra nós.

Hoje em dia, o Corriere Canadese é alvo de uma tempestade mediática, que terá graves consequências jurídicas, porque se atreveu a tocar num assunto delicado que provocou conclusões: superficiais, sumárias, precipitadas e enganosas.

É um facto que a página da web do Conselho Escolar Católico do Distrito de Toronto (TCDSB) está acessível a todos os alunos, a maioria das quais são crianças menores de idade e jovens com menos de 18 anos.

É também um facto que o site abriga uma série de links para outros sites, entre os quais está o LGBT Youthline.

Além disso, é um facto que neste site existem outros links que conduzem directamente a materiais não adequados a menores, entre outros, críticas a vibradores e outros brinquedos sexuais.

O Corriere Canadese, em vários artigos destacou a presença inadequada deste conteúdo no site do TCDSB.

Caldo entornado.

Fomos acusados de ser: homofóbicos, fanáticos, odiosos para a comunidade LGBTQ2 e intolerantes.

Tudo isso, com uma superficialidade desarmante, sem uma leitura sensata dos factos apresentados.

Essas denúncias surgem de políticos eleitos para o Município e de conselheiros no TCDSB.

Mas é claro que há um limite e quando o que poderia ter sido uma troca de ideias construtivas, descarrilou, no que consideramos de pura e simples difamação caluniosa.

Fomos forçados  a seguir pelas vias legais, apresentado uma acção judicial, através do nosso advogado, contra vários indivíduos e agências. Ontem o nosso escritório recebeu um e-mail, de um tal Tom Gerylo que deixa pouco espaço para interpretações “ Atenciosamente. Como todos, vocês morrem. Vocês odeiam a comunidade LGBTQ2A e eu odeio a sua comunidade wop italiana. F…K você. Coma s…t”.

Prontamente, entregamos o e-mail aos serviços policiais de Toronto que iniciaram uma investigação. Mas o verdadeiro problema é que houve uma distorção completa dos factos, uma deturpação da realidade, provavelmente destinada a amordaçar uma voz, talvez discordante porque ela se recusa a cantar para o coro.

Quem fez as denúncias – das quais terá que se defender em tribunal -evidentemente não tem ideia dos valores éticos e profissionais de quem trabalha no Corriere.

E, possivelmente ao longo de tantos anos, eles nunca o leram.

Se o fizessem, teria ficado claro que de facto o nosso jornal esteve, está e sempre estará na vanguarda da promoção: da tolerância, da integração, da defesa dos direitos de todos, da protecção das liberdades e das escolhas individuais – e isso vale também para a comunidade LGBTQ2.

Só existe uma linha editorial no nosso jornal: dar voz a todos, dar espaço a todos os pontos de vista, independentemente da cor política, crença religiosa ou questões de gênero.

Precisamente por isso é que conquistamos a liberdade de poder criticar governos de diferentes partidos, sem qualquer preconceito ou contenção ditada pela conveniência do momento.

Ainda assim, uivos de homofobia e discriminação se erguem na nossa direcção, só porque alertamos sobre o facto que uma criança de 10 anos pode, navegando no site do TCDSB, aceder a links para materiais que poderiamos chamar de “pornografia leve”.

Mas  o tempo é “soberano”.

No final, será a opinião pública e um juiz, com júri que irá consertar as coisas.

 

Participação de Carlos Lima