Campanha de ódio Corriere fica do lado das crianças
TORONTO – Dez cliques. É tudo o que é necessário depois de entrar no site do Conselho Escolar Católico do Distrito de Toronto (www,tcdsb.org) para chegar ao site da Youthline (www.youthline.ca) e ao autostraddle.com, um portal que se autodenomina como um site de “notícias, entretenimento, opiniões, comunidade e cultura Girl-on-Girl”.
É um site com conteúdo sexual explicito, onde são apresentados filmes e programas de tv que poderíamos chamar seguramente como de “pornografia leve”; onde vibradores e brinquedos sexuais de vários tipos são analisados e experimentados meticulosamente.
É um site totalmente legítimo, que tem direito a existir e que se dirige a um determinado público.
É dirigido ao público entre os 16 e os 29 anos.
O problema levantado pelo Corriere Canadese, é que este material fica disponível para crianças do ensino primário, diretamente do site do Conselho Escolar, um Conselho Católico. Seguindo um caminho de 10 cliques teria estas imagens à sua frente . O nosso jornal denunciou esta situação (claramente inaceitável), gerando protestos de alguns conselheiros do TCDSB e de alguns políticos da Câmara Municipal de Toronto.
De facto, um vereador, transformou a nossa denúncia num ataque indiscriminado à comunidade e estudantes LGBTQ2S+”. Fomos acusados de homofobia, intolerância, discriminação num avolumar de mentiras, acusações e injúrias.
Numa moção apresentada por Kristyn Wong-Tam, propôs que fosse suspensa e negada toda a publicidade ao Corriere. A medida foi alterada no último momento para retirar a moção e substituí-la por uma directiva ao Staff em que a Câmara Municipal de Toronto “reafirma o seu descontentamento com o Corriere Canadese por ter publicado e distribuído artigos homofóbicos e transfóbicos acerca do TCDSB dos seus conselheiros e famílias LGBTQ2S+” , com 24 a favor.
É chocante saber que aqueles que nos governam a nível municipal, tenham abordado uma votação tão importante – pois diz respeito a questões de vital importância, como: tolerância, respeito a todos, direitos humanos, equidade e liberdade de imprensa – com tal superficialidade, sem se informarem sobre o cerne da controvérsia entre o Corriere e o TCDSB sobre a questão dos conteúdos no site. Vereadores pagos com dinheiro dos contribuintes, ou seja o nosso, eram duplamente culpados antes da votação.
Ou eles não verificaram por si mesmos – com apenas 10 cliques – ou, se o fizeram, implicitamente, deram o seu aval para que as crianças possam aceder às imagens pornográficas e brinquedos sexuais.
Uma superficialidade desarmante e constrangedora resumiu os discursos de Quarta-feira (antes da votação) quando os vereadores Shelley Carrol e John Filion nos acusaram de bullying jornalístico e homofobia.
Mas a superficialidade na cobertura desta história também envolveu a chamada mídia mainstream.
Por exemplo, o Toronto Star escreveu no artigo de Quinta-feira que a Câmara Municipal aprovou a moção para retirar os fundos de publicidade ao Corriere.
Falso.
Só no final da manhã de ontem o Star na versão online, noticiou corretamente que a Câmara Municipal não retirou as verbas publicitárias ao nosso jornal.
Esperamos que na versão em papel de hoje o Star, surja uma errata de correção, proeminente, em letras negrito.
As palavras de Wong-Tam, que fez acusações diretas que afetam o profissionalismo de quem trabalha neste jornal, o qual sempre defendeu os direitos da comunidade LGBTQ2S+, são chocantes.
Mas ela terá que se explicar em Tribunal.
Mas nós perguntamos: antes da votação e antes do Corriere ser acusado de homofobia, os membros do Conselho leram a crítica (ver foto um exemplo de “autostraddle”), do Cookie Vibrator ou do Chakrubs Heart Crystal Dildo”, ou o “Cute Little Fuckers Princette Puppypus” no site que acabamos de descrever?
Não?
Bem, uma criança de 10 ou 11 anos, começando pelo site do TCDSB, poderia fazer isso com 10 simples cliques.
Não pedimos desculpa por pensar que isso pode ser impróprio para os nossos filhos.
Nas últimas três semanas , o nosso corpo editorial, formado pelo editor, Joe Volpe e todos os jornalistas, têm-se debatido sobre a questão de publicar algumas fotos do material contido no site.
Por algum tempo decidimos não fazer isso.
Mas agora é tempo de dizer basta, porque os nossos leitores têm direito aos factos nus e crus desta discussão: as imagens que publicamos são as “ menos impublicaveis”: há mais no site.
Repetimos pela enésima vez, a nossa objeção não é contra o site em si, mas contra a decisão do TCDSB em permitir o acesso livre deste site às crianças.