Conduta inaceitável da Rogers Comunicações
TORONTO – Foram três dias terríveis, do ponto de vista da conexão, para os usuários da gigante das telecomunicações, Rogers. A não ser que você fosse usuário de outro gigante das comunicações (ou seja, Bell), você quase que de imediato se tornou parte de um sistema econômico em que apenas funcionava o dinheiro vivo (cash), ficou a falar sozinho. Por outras palavras, você recuou no tempo para a década de 1950.
Na altura da redação deste artigo, a Rogers afirmou estar perto de restaurar o serviço para a “grande maioria” da sua clientela, mas não estava nem perto de adivinhar a origem do problema, de acordo com um de seus vice-presidentes, Kye Prig. Basta pensar na incongruência da afirmação: “não sabemos como entramos nessa confusão, mas achamos que a resolvemos”.
“Não entendemos como os diferentes níveis de redundância que construímos na rede de costa a costa não funcionaram”, disse Kye Prigg, vice-presidente sênior de Rogers, numa entrevista à CBC antes de ser afastado da câmera.
Seu “chefe”, Tony Staffieri, CEO e presidente da Rogers, disse em carta aberta que a empresa pede desculpas pela interrupção do serviço, mas ainda desconhece as causas que provocaram o apagão.
Ok, então podemos perguntar para as crianças da casa ao lado; eles são “nerds tekki”. Ou a John Tory, membro a tempo inteiro do Conselho e presidente da câmara de Toronto a tempo parcial.
A questão é que a especulação de “quem sabe ou deveria saber” descolou como um foguete em Cabo Canaveral.
O CBC analisou uma declaração da agência de espionagem eletrônica do Canadá, o Communications Security Establishment, que deu uma tranquilizadora mensagem,afirmando que “nenhuma indicação” de que a interrupção é devido a um ataque cibernético. Fantastico. No contexto, volátil, do clima político internacional (Ucrânia, Rússia, China, Coréia do Norte, Irão…), essa é exatamente a declaração reconfortante que os canadianos precisavam ouvir (sarcasmo intencional).
Se o sabem, não têm intenção de informar seus clientes (nós). Nesse sentido, não podemos culpar a infraestrutura técnica pela “bagunça” nos serviços governamentais nos escritórios de passaportes, Service Canada, Public Services and Procurement Canada e Canada Revenue Agency. Isso seria a cereja no topo do bolo do colapso administrativo.
A verdade é que enquanto o CRTC, órgão regulador do Canadá para operadoras e emissoras no setor de telecomunicações, proteger os interesses e a participação de mercado da Rogers, há pouco incentivo para melhorar a infraestrutura e os serviços.
Parece anos-luz agora, mas, quando os europeus estavam revolucionando suas tecnologias e sistemas regulatórios para se adaptar ao mundo cibernético e aos sistemas 5G, Rogers já havia conseguido a reputação como uma companhia de “vamos sozinhos”, evitando qualquer formalidade. relações com potências europeias consolidadas como: Nokia, Erikson, TIM e emergentes orientais como Huawei. Eles não estavam interessados em parcerias tecnológicas. Rogers culpou a “interrupção” do ano passado, devido a problemas com a atualização de software. Este ano, eles não têm a menor ideia.
Por Joe Volpe / Traducao Carlos Lima