Fraude política nas escolas e na igreja
TORONTO – Que estranho. Graças a reflexões absurdas, até mesmo fúteis (mas expostas com paixão) pelos conselheiros (trustees) das escolas católicas, o verdadeiro drama humano da vida está ocorrendo dentro da Igreja Católica.
É coisa de filme.
A autoridade moral e jurídica do primeiro prelado do Canadá, aquele que pode ser eleito Papa ou votar no próximo, está a ser contestada publicamente.
Refiro-me à autoridade de que a nossa Constituição Canadiana, a Carta dos Direitos e Liberdades do Canadá, a Lei de Educação do Ontário, Memorandos de Entendimento do Procurador Geral do Ontário e, sim, até mesmo o Código de Direitos Humanos (CDH), o capacita como porta-voz do que é Católico.
Talvez o “stress” seja demasiado para ele.
Vários conselheiros (trustees) do Conselho Escolar Católico do Distrito de Toronto (TCDSB) decidiram “aliviá-lo” dos seus deveres, perante os pais católicos no sistema escolar.
Eles zombam dele no processo.
Nos bastidores estão o bispo de Hamilton, Douglas Crosby, que dizem estar de olho no arcebispado do Cardeal e o ministro da Educação Lecce.
Nenhum dos dois estava disponível para comentar, quando contactados pelo Corriere.
O ministro Lecce tem problemas substanciais de responsabilidade relacionados aos cálculos financeiros associados ao financiamento dos sistemas escolares provinciais.
Precisa desviar as atenções.
Alguns conselheiros (trustees) do TCDSB mostram-se felizes em dar-lhe cobertura.
O bispo Douglas Crosby, provavelmente está na liderança de um cisma dentro da igreja do Ontário.
Não é da nossa competência comentar assuntos de Direito Canônico.
Mas a educação e os direitos dos católicos a um ambiente educacional religioso e ético para os seus filhos, de acordo com a lei, são.
Esses mesmos conselheiros (trustees) parecem felizes por lhe darem apoio.
O ministro Lecce, em violação da sua autoridade sob a Lei de educação, fomentou a discórdia no TCDSB.
Primeiro, ele insistiu na sobreposição do Código dos Direitos Humanos (CDH) à ética católica nas escolas católicas.
A seção 19 do CDH diz especificamente que nada no Código se pode aplicar às escolas católicas.
Em segundo lugar, introduziu o assunto da bandeira do orgulho, provocando os previsíveis insultos de homofobia e transfobia dirigidos a todos e a tudo que seja católico.
Grande ironia.
Esses conselheiros (trustees) – eleitos para salvaguardar e promover essas mesmas liberdades religiosas – estão a usar, como armas, declarações apenas veladas (não de verdade) e religiosamente discriminatórias contra os seus próprios colegas e eleitores católicos que aderem à liderança do Papa/magistério.
Como é possível que essas pessoas ainda se mantenham nos cargos?
O nosso cartunista político encontrou campo fertil para “satirizar” as afirmações deles.
Os católicos pedem abertamente ao Cardeal para que defenda os direitos dos crentes e de seus filhos, mesmo que as escolas estejam fechadas devido a incapacidade desses administradores de fornecerem espaços seguros, do ponto de vista médico, aos seus filhos.
E então, quando as crianças deixarem de frequentar as escolas católicas, como será espalhada a mensagem católica?
Quem fala sobre esse valor?
Os eleitores católicos que ligam e escrevem para o Corriere Canadese não ficam impressionados com o silêncio do Cardeal.
Eles perguntam-se se serão também os sete conselheiros (trustees) a determinar o que será aceitável nos altares.
Eles perguntam se o Cardeal não pode defender os direitos à educação em acordo com o direito constitucional, assim como defende os dogmas de acordo com o direito canônico.
Carlos Lima